Santo Antônio de Jequié: um centenário de bênçãos

Maria Anísia Villas-Bôas Tourinho Vidal

 

Há exatos 100 anos, o padre Jacinto Hilário Ribeiro Sanches sentiu a necessidade de adquirir uma nova imagem de Santo Antônio, esta, que se encontra altiva e majestosa no altar, para a Igreja Matriz. Ela foi entronizada na festa de 13 de junho de 1918 em honra a Santo Antônio, em honra a seu amor por Jesus Cristo, por Nossa Senhora e pela fé católica.  

Imaginemos a alegria dos fiéis daquela época! Como comemoraram? Será que os sinos repicaram, será que gritaram vivas? Houve fogos? Posso imaginar em 1918 os senhores de terno de linho, ponta de lenço para fora do bolso, sapatos polidos e cabelos penteados com óleos aromatizados. As senhoras, com vestidos abaixo dos joelhos, não muito rodados, com meias de seda, sapatos de verniz, luvas e véu. Os meninos com calças curtas e camisas de mangas compridas e as meninas com vestidos rodados e laço de fita no cabelo.

Com certeza, essas pessoas, a sua moda e estilo, prestaram homenagens não ao adorno de barro, mas ao santo, o que está no Céu, o mesmo que, de tanto amar a Jesus, cobiçou uma vida contemplativa, de oração, de entrega ao Senhor. Os antigos fiéis renderam tributo ao Antônio devoto de Nossa Senhora, ao Antônio pregador do Santo Evangelho, ao Antônio desejoso de derramar seu sangue por Cristo.

Essa imagem de barro pintado, é uma representação do Santo e quando a olhamos, enxergamos muito mais que argila, transcendemos a logicidade  e contemplamos com os olhos da imaginação o próprio Antônio

 

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  1. TOURINHO VIDAL. Maria Anísia Villas-Bôas. Mestra em Letras pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), Especialista em Leitura e Literatura Infanto-Juvenil (UESB), Graduada em Letras (UESB).

em sua vida de sacerdote, ora pregando, ora fazendo um bem, ora rezando, intercedendo  por nós, por esta Paróquia Catedral, por todas as paróquias de nossa diocese, por Jequié.

Também podemos imaginar quantas vezes Santo Antônio, sob o olhar dessa imagem, pediu a Jesus em favor dos padres que por aqui passaram e por padre Roberto que aqui está, a fim de que lhes desse sabedoria, honradez, humildade, compaixão, amor à Igreja. Quantas vezes rogou pelo episcopado de Dom Cristiano e quanto intervém por Dom Ruy, para que seja um bispo justo, corajoso, fiel à Igreja e a seus votos.

Em todos esses anos, quantos batizados presenciou? Quantas crianças abençoou em nome de Jesus e quantas foram consagradas a ele? Nestes dias de trezena, uma senhora relatou que uma certa mãe, aflita porque seu bebê estava com risco de morte e não querendo que ele morresse pagão, veio até esta igreja e pediu ao padre que batizasse seu filho. “Mas, e o padrinho? ”  Perguntou o padre. A mãe angustiada apontou para a imagem do santo e disse: “Santo Antônio será o padrinho. ” A criança ficou curada e vive. Hoje é um homem com 81 anos.

Em um século, sob o epíteto de “Santo casamenteiro”, quantas noivas viu entrar nesta igreja? Sorridentes, felizes, lindas! Com véu, sem véu, com buquês ou terço nas mãos percorrendo a nave até o altar ao encontro do noivo que a esperava num misto de nervosismo e ansiedade?

Se pensarmos que as Primeiras Eucaristias são celebradas uma vez por ano, então, no mínimo, “nosso” Santo Antônio concelebrou cem vezes Primeira Eucaristia. Suplicou por 100 Festas de padroeiro, 100 procissões, 99 Semanas Santas, 99 Natais. Intercedeu por 100 casais patronos e por 100 vezes viu o povo em peregrinação pelas ruas de Jequié cantando louvores a ele, mas glorificando e adorando o nome de Jesus.

Nestes 100 anos, quantas graças atendeu? Quantos milagres realizou? Quantas lágrimas cessaram porque Santo Antônio, compadecido, acudiu os aflitos?

Quantas famílias consolou da morte de um ente querido, quantas pessoas depositaram a seus pés a dor que trouxe consigo? Quantas vezes não pôde acudir porque era chegada a hora dessa pessoa entregar a alma ao criador?

Portanto, irmãos, esta imagem não é Santo Antônio, nem ele está nela. Sabemos que é apenas uma representação, uma estampa, uma escultura, como um retrato que guardamos de nossos queridos. Mas, por estar em um ambiente sagrado, por estar benta, trata-se de uma relíquia e por ela temos estima e apreço. Por isso, dedicamos-lhe atenção especial, sim, pela passagem dos 100 anos.

Um dia, nós também passaremos. Com certeza, mais padres ganharão retratos na exposição da Sacristia, mas, se Deus permitir, a imagem de nosso excelso padroeiro continuará majestosa em seu altar e daqui a mais cem anos outros fiéis estarão celebrando o segundo século e pesquisarão sobre o padre da catedral em 2018 e como nós, fiéis, festejamos o centenário da imagem do glorioso Santo Antônio.

Que Santo Antônio seja sempre louvado, Nossa Senhora sempre exaltada e Jesus sempre adorado, amém!

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