Paralisação dos caminhoneiros e aumento abusivos dos combustíveis põem em debate à busca de alternativas para ao petróleo

 Domingos Ailton

 

O Brasil  parou com   a manifestação   dos caminhoneiros em protesto  contra o aumento abusivo dos combustíveis e para  tornar o óleo diesel (combustível de veículos pesados) isento de impostos, dentre outras reivindicações. O meio rodoviário de transporte é responsável por 65% da circulação de toda a carga que é transportada no Brasil, segundo levantamento apresentado por pesquisadores da FGV e Ipea durante evento do setor ferroviário no início do mês. Outros tipos de transporte como o ferroviário  e à busca de alternativas para o petróleo precisam   pautar o debate  no País.

Preocupações com o aquecimento global (que é tem entre suas causas os gases liberados com a queima dos combustíveis fósseis ) e os constantes aumentos dos preços de barril de petróleo têm levado à diversos países   do mundo buscarem de alternativas para o petróleo. O Brasil tem um potencial para essas alternativas, mas programas para apoiar essas alternativas não têm encontrado vontade política suficiente para seu desenvolvimento pleno.

Um produto que seria jogado fora em grande parte das casas e restaurantes pode ser convertido em biodiesel, o qual é capaz de fornecer energia para um veículo que leva o combustível diesel e com uma ótima solução em diversos usos. Isso inclui caminhões, ônibus e até mesmo alguns carros de passeio usando este combustível. Em  algumas cidades brasileiras já  é oferecido aos restaurantes um serviço para recolher o óleo de cozinha usado para produzir biodiesel. Além de limitar a necessidade do diesel derivado do petróleo, os restaurantes podem doar o óleo para evitar que entupam suas pias.

Outra  alternativa  são os veículos elétricos movidos a energia solar ou energia eólica ou a ambas.

O estudante nigeriano  da Universidade de Obagemi Awolowo,Segun Oyeyiola converteu um fusca movido a combustível fóssil (como todos os outros) em um veículo abastecido por energia solar e eólica — perfeito para o clima da região em que ele mora.

O projeto custou US$ 6 mil e contou com muitas doações da família e colegas, que deram ao nigeriano materiais que iriam para o lixo ou que, sozinhos, não tinham mais utilidade nenhuma para os donos.

Com um painel solar gigante no teto e uma turbina eólica embaixo do capô, o carro também foi equipado com um sistema de suspensão, para garantir que o veículo aguente o peso de tanta tecnologia. Em entrevista ao site FastCoExist, o rapaz falou que quer “reduzir a emissão de dióxido de carbono que piora o aquecimento global e amudanças climáticas”.

Atualmente, a bateria do fusca sustentável leva cinco horas para carregar completamente, mas Segun ainda está trabalhando no modelo e pretende realizar melhorias.

Itaipu Binacional entregou o primeiro veículo elétrico que será totalmente abastecido por energia solar. O Zoe elétrico foi repassado em regime de comodato à Associação dos Municípios do Oeste do Paraná (Amop), no Centro Executivo de Itaipu, na Vila A, em Foz do Iguaçu. A instituição, autossuficiente em energia, dispõe de uma central fotovoltaica própria em sua sede, no centro de Cascavel (PR). A capacidade é de 13 kW (em horário de pico). É esta unidade que gerará a energia do carro, fato inédito no Programa Veículo Elétrico da Itaipu. Pelo compromisso, o carro será 100% abastecido pela central fotovoltaica. Os dados serão transmitidos em tempo real para Itaipu, por meio do sistema do veículo, e serão aproveitados para a pesquisa do Programa VE.O automóvel, que será usado de forma institucional nos compromissos da Amop, servirá ainda para a divulgação do Projeto VE em eventos como encontros com os prefeitos. Hoje, a instituição representa 52 municípios.

Como a capacidade instalada dessas fontes é ainda muito pequena em comparação com as tradicionais, sem dúvida os aumentos da geração energética de vento, sol, biomassa e outras são sempre expressivos em termos percentuais. Contudo, a evolução vertiginosa da utilização de fontes renováveis, que persiste alta há muitos anos, é um sinal animador da sua inadiável – e inevitável – adoção.

A produção de energia fotovoltaica (PV) – conversão de energia solar em eletricidade – cresceu 51% em 2007, atingindo 3.733 Megawatts (MW). De acordo com algumas estimativas, as instalações globais de células solares acumulam, desde 1996, mais de 9.740 MW, o suficiente para atender a demanda anual de mais de três milhões de lares europeus (J. L. Sawin, 2009). Em cinco anos, a produção global de PVs multiplicou-se por sete e a capacidade instalada por mais de cinco.

Segundo a Agência Internacional de Energia (IEA), a geração acumulada de energia eólica, solar e de ondas atingiu, em 2003, o equivalente à energia produzida por quase 10 milhões de toneladas de petróleo (medida em toneladas de óleo equivalente), um aumento de 4,2 vezes em relação a 1990. Somente a Europa utilizou, naquele ano, quase 47% dessas energias e a América do Sul apenas 0,7%. Os Estados Unidos respondem por 24,8% desse consumo, a Alemanha por 19,3%, a Espanha por 11,3%, a Dinamarca – com apenas 5,4 milhões de habitantes – por 5%, enquanto que o Brasil por míseros 0,05% (o México, p. ex., produz 14 vezes mais dessas energias do que o Brasil).

O potencial de aplicação de energias alternativas é bastante elevado e, apesar da necessidade de melhorias técnicas na maioria delas, a sociedade humana já poderia estar usando-as atualmente em larga escala. Um dos argumentos contrários enfatiza que elas são mais caras do que os combustíveis fósseis e as grandes barragens (para geração de energia elétrica) e, portanto, não poderiam competir com estas fontes. Em realidade, os maiores obstáculos não são técnicos ou econômicos, mas sim os lobbies de grandes empresas de energia, principalmente as de petróleo.

Os biocombustíveis têm sido alvo de grandes controvérsias. O rápido crescimento da sua produção, nos últimos anos, contribuiu para o aumento acentuado dos preços da soja, de alimentos e de grãos para a pecuária. Estudos do Worldwatch Institute sugerem que os custos ambientais dos biocumbustíveis de primeira geração, produzidos em larga escala, podem superar os benefícios. Se tal produção é mecanizada, um sistema em alta no mundo, é indispensável que se considere a emissão de gases do efeito estufa (g.e.e.) através da fabricação, do transporte e da aplicação de pesticidas e fertilizantes químicos, do uso de combustíveis no maquinário, do bombeamento da água de irrigação, da operação da refinaria e do transporte do biocombustível, além, obviamente, do próprio uso.

Naturalmente, os danos ambientais serão bem mais elevados se o plantio dos vegetais (milho, soja etc.) for realizado às custas de ecossistemas nativos, principalmente florestas. No entanto, algumas estimativas para o biodiesel à base de soja indicam uma melhoria de 41% nas emissões de g.e.e. em comparação com o diesel convencional. O etanol produzido a partir do milho, que é o predominante nos EUA, é bem menos eficiente. O consumo de água representa um dos maiores gargalos para o biodiesel, pois a par da sua poluição (em função dos altos índices de fósforo e nitrogênio liberados nos corpos hídricos), sua produção demanda, para cada unidade de volume de biodiesel, até quatro vezes esse volume em água. Essa relação é bem maior – em até centenas de vezes – se considerarmos a água aplicada na irrigação.

Na Bahia tem alternativas viáveis como o dendê e da mamona para produção do biocombustível, além do aproveitamento de resíduos como da casca de coco.

Uma grande esperança repousa sobre os biocombustíveis de terceira geração, fabricados com a utilização de algas. Microalgas são organismos unicelulares fotossintéticos que combinam energia solar com CO2 e outros nutrientes para a formação de um biomassa rica em óleos naturais. Potencialmente, essas algas podem produzir até 100 vezes mais óleo por área do que culturas agrícolas usuais, como a de soja.

Em talvez duas ou três décadas, o hidrogênio (H) será uma fonte de energia abundante e totalmente limpa. Como enfatiza o engenheiro  Emilio Hoffmann G. Neto em Hidrogênio: evoluir sem poluir, “os veículos poderão ser pequenas usinas geradoras de energia e as próprias residências irão produzir a sua energia, transferindo [o superavit de] eletricidade para outras casas”. A liberação de hidrogênio por meio da hidrólise da água pode ser realizada com a utilização de fontes renováveis de energia.

Os veículos movidos a células de combustível (que alimentadas com H, liberam energia elétrica e água) poderão ter um motor elétrico em cada roda, ou seja, dispensarão os custosos e não muito eficientes sistemas de transmissão de motores a combustão (G. Neto). Os motores elétricos apresentam rendimentos bem superiores aos movidos a combustão, cuja eficiência é baixa, variando entre 13% e 25% para motores a gasolina e 30% e 35% para os a diesel.

Veículos elétricos são as alternativas ideais para se eliminar os impactos ambientais do sistema de transporte que utiliza combustíveis líquidos. Eles não emitem poluentes, ou seja, g.e.e. e gases e partículas que provocam danos à saúde humana e ao meio ambiente em centros urbanos, e podem ser recarregados diretamente da rede de energia elétrica. Suas baterias de íons de lítio receberão carga enquanto seus proprietários estiverem no trabalho ou durante a noite, quando a rede de energia é subutilizada. Essa demanda de energia não é maior do que a de uma máquina de lavar pratos.

Obviamente há ainda muitas questões a se resolver: por exemplo, como atender à demanda extra de eletricidade para um grande número de carros elétricos? O ideal é que essa expansão da oferta de eletricidade seja majoritariamente proporcionada por fontes modernas, como solar, eólica, pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), resíduos agrícolas (biomassa), hidrogênio etc.

As perspectivas são bem maiores do que imaginam os céticos e aqueles que defendem apenas os interesses dos seus negócios, quando tentam desmoralizar as fontes limpas e renováveis. Um estudo recente mostra que a construção de centrais de energia solar em menos de 0,3% dos desertos do norte da África e do Oriente Médio geraria eletricidade suficiente para satisfazer as necessidades locais dessas regiões e ainda as da União Europeia. Existem planos de se construir centrais elétricas solares na Argélia e, através de cabos de 3.000 quilômetros, fornecer 6.000 MW à Alemanha. Uma fundação alemã trabalha com o potencial de 100 mil MW de energia solar nos desertos citados.

Uma empresa israelense-americana, denominada Better Place, está começando a vender veículos elétricos e a criar uma rede nacional de postos de recarga em Israel e na Dinamarca. Pretende atingir – em cada um dos países – cerca de 100.000 desses veículos no final do próximo ano. Os carros serão abastecidos por energia solar em Israel e eólica na Dinamarca. Better Place está discutindo a implantação de projetos semelhantes em 25 nações. As fabricantes de automóveis General Motors e Nissan-Renault planejam lançar carros elétricos dentro dos próximos dois anos.

As questões ambientais precisam estar, cada vez mais, no centro das decisões econômicas e sociais. Inquestionavelmente, um dos pontos cruciais é o de geração e fornecimento de energia. É urgente, portanto, que mudemos – o quanto antes – a matriz energética mundial, ou seja, que abandonemos, na maior velocidade possível, os combustíveis fósseis (o petróleo, p. ex., teria um uso muito mais nobre caso servisse apenas para a fabricação de bens duráveis e para outros usos industriais). Novas fontes de energia estão disponíveis para a sociedade; dependem somente de vontade política, isto é, de espírito público e determinação da sociedade.

 

Fonte:

http://www.oeco.org.br

http://meioambiente.culturamix.com

http://thegreenestpost.com

https://www.ambienteenergia.com.br

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